segunda-feira, 26 de julho de 2010

01 de Junho, 1938

Ela ficou realmente feliz com as flores e reagiu melhor que pude esperar ao ler meu bilhete, porque é claro, eu não ofereceria rosas sem algumas palavras.
A princípio achei que estava sendo um pouco exagerado, mas ela gostou e isso é o que importa.
Disse –me que era a segunda vez que alguém lhe presenteava com rosas, e isso realmente pareceu dar um brilho diferente em seus belos olhos.
Hoje conversamos descontraidamente, e, pela primeira vez não senti vontade de interrogá-la.
Conversamos sobre o tempo, sobre livros, sobre alguns habitantes da cidade. Ela parecia conhecer muito bem cada pessoa que passava ao longe, na outra extremidade da rua, e sempre fazia comentários maliciosamente engraçados à medida que os indicava com o dedo, e quando o assunto parecia morrer, ficávamos em silêncio, observando o nada.
Pela primeira vez ela não disse que teria de ir embora, e no início da tarde percebi há quanto tempo estávamos sentados ali.
Com um sobressalto disse que precisava trabalhar. Victoire me acompanhou até certo ponto do caminho e depois sumiu na estradinha habitual.
O Senhor de S... novamente chamou minha atenção diante de minha falta de horários. Ele é um homem calmo mas percebi que meus atrasos e a falta de concentração o estão incomodando. A Senhora de S... , sua esposa, o estava acompanhando hoje. Decididamente não consigo simpatizar em nada com ela.
Me parece uma típica madame desde o nascimento. Extremamente fútil e arrogante. Ainda não tive oportunidade de conhecer a filha do casal, mas espero que não se pareça com a mãe.
01 de Junho, 1938

Nenhum comentário:

Postar um comentário